Thursday, October 25, 2007

Caminho até o fim

Organizados por peso, do mais pesado ao mais leve, eles iam um a um voado ao destino final. O que antecedera os instantes derradeiros da morte anunciada embasbacara e, por vezes, até divertia. Contudo, sempre com a certeza de que em algumas horas algo teria fim.

O despertar logo após os primeiros raios do Sol e a complacência junto ao lago de águas límpidas e transparente que circundava a região montanhosa. Um pouco de caminhada, subida até o alto de uma montanha e o tic-tac do relógio soava ecoante lembrado que a hora se aproximava.

Nem almoço teve. Primeira hora da tarde e a pesagem era realizada, sem uma finalidade clara, mas compreendida horas mais tarde. Duas baladas após o meio-dia e era chegado o momento de embarcar na condução que levaria até o local onde tudo aquilo teria fim. Éramos 21. Ingleses, holandeses, americanos, brasileiro, entre outras nacionalidades, cores e raças, todos com o mesmo destino.

No caminho, risos nervosos e as faces que não escondiam a apreensão frente ao inesperado. Era o medo que imperava naquele ônibus. No desembarque, o reconhecimento do local e a certeza de que não tinha mais volta. De cinco em cinco, íamos sendo arrastados até o local do crime. Já que não tinha mais volta, queria ser um dos primeiros a terminar com aquela apreensão, mas a minha massa corpórea não tão avantajada me deixou para o fim. Cada um que ia passando na minha frente transmitia a sensação que a escolha era certa.

Finalmente chegou o momento, pensava. Indumentaria pronta e lá estava na ponta dos pés, com uma geleira na barriga e pensando “eu não estou fazendo isso”. A contagem regressiva no fundo e os gritos de incentivo ajudaram a atirar-me precipício abaixo. Foram oito segundos de queda livre há 134 metros de altitude. Depois de ‘picar’ por três ou quatros vezes, fui recolhido. Entre aqueles dois morros, naquele 19 de maio, morria o meu medo de altura. Antes de voltar pensei, quero pular de Bungy Jump outra vez!

Monday, October 15, 2007

O que muda e o que não muda...

Fora de época é freqüentemente assim: vento, chuva e um frio que impede trajes mais típicos. Deixando os fenômenos climáticos de lado, um final de semana na praia sempre tem um valor imensurável. Era sábado e, depois da chuva, o vento soprava com vigor naquelas ruas que tantas lembranças remetiam.

Uma caminhada rápida e risadas ao lembrar da noite anterior. A sexta-feira, de feriado, tinha sido produtiva. Aquece aqui, aquece lá e a longa espera na fila quase estraga o que era para ser diversão. Mas o empurra-empurra e o teste de paciência não desanimaram e a festa foi boa. Melhor até que o previsto e a volta com o sol a pino teve o sorriso como marca.

Contudo, a disposição não era mais a mesma de outrora e a noite de sábado pedia programação light. Sem muitas opções, o final da caminhada era previsível: o mesmo bar de verões passados. O movimento era reduzido, claro, mau tempo e baixa temporada, mas as músicas praticamente as mesmas. Conversa vai, conversa vem, risadas, desabafos e claro, tudo regado a algumas cervejas. Mesmo imperceptível, era tudo como sempre foi.

Antes de voltar para a casa, a comprovação que o maior medo de antes de enfrentar o desafio do mundo novo era bobagem. Passado mais de um ano, lá estávamos nós filosofando sobre a vida e suas intempéries. O momento é outro, os caminhos diferentes, o amadurecimento transparece, mas uma amizade verdadeira é imutável. E nada melhor que um final de semana na praia para comprovar o que muda e o que não muda.